Ombudsman em partidos políticos


Alexandre Reis - NOVO, SP

 

Um Ombudsman é alguém dedicado a entender seu público. A analisar e a levar os questionamentos deste público para uma organismo executivo e tentar, deste modo, facilitar a comunicação entre as partes.

O papel do ombudsman, no setor público, já existe em muitos países. Nada parecido com o que, no Brasil, chamamos de ouvidoria. Infelizmente, como tantas funções em nosso país, a ouvidoria é mais um cargo público que não funciona direito. No Reino Unido existe ombudsman por setores: como o ombudsman da saúde, dos transportes e por aí vai.

Um ombudsman ouve as partes, faz uma analise crítica sobre uma questão especifica, que possa gerar entendimento entre os lados. Isso não significa ser responsável por resolver os problemas na prática, mas sim, por criar as oportunidades de diálogo, para que sejam resolvidos, ao menos, esclarecidos.

Ombudsman não é líder sindical, SAC, pacificador, disque-denúncia, juiz, RP,  procurador, profissional de marketing, gestor de mídias sociais ou alguém que só responde e-mails. É o sujeito com equilíbrio e racionalidade que facilita a comunicação e escreve relatórios sobre o tema e seus desafios. É quem joga luz sobre as questões que envolvem uma organização e seu público correlato. Simples assim.

No Brasil, não me recordo de um caso bem sucedido semelhante no poder público. Na mídia, consigo pensar apenas na Folha de São Paulo, que já teve baixos – na época de Susana Singer – e altos – na época de Vera Guimarães. Esta, sempre me respondeu em questionamentos sobre o desequilíbrio pró-esquerda em várias pautas do jornal. Em âmbito mundial, o primeiro veículo a adotar o modelo foi o The New York Times.

O trabalho de Vera Guimarães na Folha me fazia sentir representado, e também ouvido. O sentimento permanecia, por mais que eu discordasse e me incomodasse com tantas coisas publicadas. Em alguns casos, até colocava minhas observações na crítica interna que ia para toda a equipe do jornal.  Sem ela eu ainda assinaria a Folha? Talvez não.

Já tivemos bons e maus exemplos de ombudsman corporativos no Brasil.  Foi uma espécie de “moda” corporativa na década passada. Algumas empresas criavam até “personagens” para o papel de Ombudsman, com a Tia Eda, no Habib’s.

Na Era das redes sociais, parece que muitas empresas se contentam em ter um social media manager, apenas dirimindo algumas questões. Isso é um erro grave. Um social media age no calor do momento. Um ombudsman para, pesquisa, reflete, pondera e gera uma crítica construtiva sobre um ruído de comunicação, questionamento ou discordância.

Em um país onde o senso de cidadania e a participação ainda estão em processo de amadurecimento, contar com uma figura como um Ombudsman se mostra essencial. Mas se o poder público não faz do jeito certo, quem poderia dar o exemplo?

Creio que o Partido NOVO poderia inovar, também nesse aspecto. Duvido que algum dos outros 34 partidos tenha um ombudsman ou um ouvidor que realmente cumpra a sua função. Um ombudsman do partido, que colha, por amostragem, um panorama geral do que pensam e o que sentem os filiados. Que filtre essas informações de modo racional, comunique o partido, receba o feedback e depois cumpra seu papel de ponte, suprindo a necessidade básica de informar os filiados, uma carência crônica novista?

Tenho certeza de que viria a agregar, ao NOVO e ao Brasil. E o partido NOVO daria mais uma vez o exemplo, como baluarte da nova etapa política que avizinhamos.  E é o tipo de experiência que existe na iniciativa privada e no setor público em diversos países desenvolvidos. Uma ideia de sucesso indiscutível.

Aqui, deixo uma sugestão, e talvez esteja sendo um pouco abusado.

Imagine que os filiados do NOVO possam eleger um ombudsman. Um voluntário sabidamente capacitado para tal e, esse ombudsman, cumpra as funções supracitadas, tendo a oportunidade de participar das reuniões com os diretórios ou com membros do diretório, em calendário fixo. Alguma dúvida de que isso melhoraria a comunicação interna?  Creio que não. E o melhor: não custa nada.

Fica aqui a proposta. Com a palavra, os correligionários.

 

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Alexandre Reis é publicitário e microempreendedor.  Aprendeu na prática a desconfiar do Estado em todos os aspectos e acredita na vocação empreendedora do brasileiro e no potencial do indivíduo.

 

Um comentário sobre “Ombudsman em partidos políticos

  1. Prezado Alexandre, sua ideia é muito interessante, mas num partido político acredito que não é a mais indicada. Afinal, se é um “partido político”, temos que fazer política! E fazer política é conversar, se inteirar com os filiados de seus anceios, ideias, propostas, reclamações, sugestões, etc. E essa é a função básica daqueles filiados que estão como nossos dirigentes. Se não ouvem as bases, como pódem saber o que fazer para tentar acgadar a maioria? Além disso, da capacidade de saber ouvir e conversar, tem que ter o ‘feeling’ da liderança! Sem isso, fica muito difícil liderar os projetos. Assim, vamos rezar para ver se conseguimos isso em breve de nossos dirigentes. Valeu.

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