Uberização da Medicina


Paulo Lázaro, NOVO-SP

 

O aplicativo Uber, que tem causado ojeriza em taxistas e burocratas de plantão, está lançando moda. Atualmente existem alguns aplicativos, como o Doutor Já, que permite ao médico criar uma conta, colocar seus horários vagos da agenda e receber pacientes particulares em sua clínica ou consultório.

Outros aplicativos como o Doc Way vão além e, após o médico fazer um cadastro (enviando documentação comprobatória de suficiência em medicina), ele pode escolher um valor para sua consulta e deixar os horários que tem à disposição para realizar visitas domiciliares em pessoas que quiserem se consultar.

Como o próprio App define “Sem filas, sem burocracia, sem esperas.”

Em um modelo interessante de assistência “self service”, o médico é avaliado pelo atendimento que prestou e pode ser mais ou menos acionado, conforme a avaliação recebida pelos seus atendimentos e resultados perante os usuários.

A regra atual é a da super-lotação de pronto socorros. Casos que poderiam ser tratados de maneira ambulatorial e filas de espera de até 1 ano para consultas com especialistas abrem mercado para iniciativas privadas da sociedade que chegam para suprir a demanda. Exemplos como o Dr Agora, Dr Família e Dr Consulta contam com estrutura física, leque de 32 especialidades médicas, exames e até vacinas.

O Dr Consulta inclui uma organização de excelência que além de avaliar o funcionamento de suas unidades de forma imediata, através de uma central de comando, possibilita aos pacientes avaliarem o atendimento realizado e inclui até a possibilidade de punição, caso haja reclamação recorrente sobre algum serviço.

A evolução da tecnologia tem permitido que médicos e pacientes tenham autonomia para definir onde, como e quando realizar uma consulta. A discussão torna-se muito interessante quando comparamos esse tipo de atendimento com o realizado em outros países, como na Holanda, onde existe uma triagem telefônica antes das consultas presenciais. Atualmente, existe grande debate no Brasil sobre o pré-atendimento telefônico de pacientes, inclusive com uma resolução do Conselho Federal de Medicina proibindo a prática.

Fato é que com a evolução e a interatividade da tecnologia, cada vez mais nos depararemos com esse tipo de situação que, inexoravelmente, vem para ficar.

Paulo Lázaro de Moraes é médico formado pela PUC-Campinas, Doutor pela Universidade Federal de São Paulo. Dedica-se a estudos na área de oncologia / radioterapia e de saúde pública. Escreve às quintas para o 30 Diários.

 

3 comentários sobre “Uberização da Medicina

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  2. As profissões emergentes, fazem emergir em nós, uma necessidade também emergente de aprimorar nossa visão de Mercado. Parabéns pela matéria Doutor Paulo!

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