Tchau Querida. Se cuida.


Paulo Lázaro, NOVO-SP

Hoje ocorreu a admissibilidade do processo de impedimento da presidente da república. O processo jurídico e político culmina com a pior crise econômica já vivida em nosso país e desequilíbrio abissal entre os três poderes.

Em um olhar voltado à Saúde, relembro o desastre das promessas realizadas pela então candidata Dilma Roussef em seu programa de governo e horário eleitoral. Dentre os quais, a política equivocadamente baseada na figura do médico especialista e tratamento de doenças em detrimento da promoção de saúde, a Sra. Presidente anunciou programas como a Implantação do Mais Especialidades, Expansão do Mais Médicos e das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAS).

Estes programas eleitoreiros claramente afrontam contra princípios básicos de gestão de saúde pública pois não contemplavam uma reformulação séria na base da pirâmide. É sabido, por exemplo, que a cada 1 real gasto em saneamento há uma economia de, pelo menos, 4 reais em saúde; a atenção básica por meio do programa de saúde da família e unidades básicas de saúde podem resolver até 90% das enfermidades; e o gasto com pessoal super-especializado pode comprometer até 60% do orçamento destinado à um serviço para assistência à população.

Hoje, médicos especialistas em Saúde da Família que teoricamente têm expertise para cuidados da criança, da mulher e do idoso são remunerados como médicos recém formados (que ocupam o cargo via Mais Médicos) desestimulando a formação, fixação e interiorização destes profissionais.

No topo da pirâmide o Ministério da Saúde centralizou políticas antes destinadas à instituições de excelência, como o Instituto do Nacional do Câncer (INCA), que perdeu muito de seu status e recursos. O cargo de Ministro da Saúde, por sua importância e vultuosas cifras, virou moeda de troca à luz do dia.

A admissibilidade das denúncias contra a presidente não resolverá todos os problemas nacionais, mas espera-se que seja o início de uma caminhada no sentido de valorizar politicas públicas, inclusive na área da saúde que sejam eficientes e de longo prazo.

Paulo Lázaro de Moraes é médico formado pela PUC-Campinas, Doutor pela Universidade Federal de São Paulo. Dedica-se a estudos na área de oncologia / radioterapia e de saúde pública. Escreve às quintas para o 30 Diários.

Deixe seu comentário