Uber, Cabify, passe livre e transporte


Alexandre Reis - NOVO, SP

 

Em ano de eleição municipal, o assunto transporte público sempre volta. Em um país onde a regra é criar dificuldades para vender facilidades, movimentos como o MPL reivindicam transporte que, na cabeça deles, seria gratuito. O resultado vem na forma de ônibus lotados, canibalização de peças que fazem os veículos sofrerem panes e engarrafarem o trânsito, extinção de linhas e menor frequência, aumentando o tempo de espera no ponto de ônibus e prejudicando sempre os mais pobres.

No metrô, não é diferente. Nos trens da CPTM então, nem se fala. Quanto mais movimentos como o MPL agem, piores os serviços ficam, porque o monopólio privado definido pelo estado demanda subsídio. Essa é mais uma das muitas faces do capitalismo de compadrio típico do Brasil. Aqueles que atacam o “capitalismo selvagem” deveriam entender que o capitalismo não funciona direito quando o Estado tem a pretensão de ser seu indutor. Que esse papo de parceria público-privada, em bom português, significa “parceria entre politicos e empresários para cumprimento de agendas particulares”.

O assunto transporte público já foi amplamente debatido. Recentemente, o liberal convicto Joel Pinheiro nos brindou com excelente texto sobre o assunto na Ilustríssima, da Folha, mas quero relatar minha própria experiência com o UberX.

Eu usava 99Taxis e achava isso a oitava maravilha do mundo. De fato, o 99 é um app incrível, um copycat de serviços que já existiram fora do Brasil.

Sempre gostei de conversar com taxistas, e entrar num Táxi e mencionar a palavra “Haddad”, em qualquer contexto, é sempre divertido, pois isso desperta uma saraivada de críticas ao prefeito e me ajuda a entender a cidade sob a perspectiva de gente que não está exatamente curtindo o circuito de música indie do eixo Vila Madá-Baixo Augusta e fazendo política via smartphones, chamando o Haddad de “prefeitão”.

Um dia, porém, usei o Uber, mais especificamente o Uber X, mais barato. Com uso de dados atrelados a geolocalização em tempo real, o Uber cria variáveis de precificação instantânea. Se tem mais carros na região, o preço cai, se tem menos, o preço chove. Oferta e procura. Básico. Clássico. E ainda não preciso carregar dinheiro em espécie. Pago com meu cartão Nubank. Conhece o Nubank? É um cartão de crédito que funciona sem ter um grande banco por trás, uma fintech (startups do setor financeiro) brasileira que pratica as menores taxas e juros do mercado. Livre de anuidade. Uma dádiva do livre mercado.

Voltando ao Uber. Para ir com outra pessoa de minha equipe a uma reunião em um cliente, gastamos, ida e volta, 18 reais. Se fôssemos de ônibus ou Metrô (sem integração), pagaríamos 15,20, sendo que o tempo de trabalho perdido custaria bem mais que essa pequena diferença. Se estivéssemos em 3 já teria sido mais barato que o ônibus, por passageiro. Isso é uma mostra de como a liberdade econômica é capaz de trazer soluções para problemas reais.

Mesmo no universo Uber outros concorrentes começam a surgir e tendem a popularizar ainda mais o conceito de “carro preto”, com novas propostas, enriquecendo a concorrência e melhorando nossas vidas. Vem aí o Cabify, concorrente do Uber que é sucesso no México e na Espanha e tem como diferencial o fato de que o usuário sempre sabe exatamente quanto a corrida vai custar antes de embarcar. Aqueles que tem medo de um possível monopólio do Uber podem respirar aliviados.

E os taxistas? Eles agora precisam melhorar seus serviços, e principalmente, ao invés de protestar contra o Uber, deveriam protestar por menos taxas e burocracias em seus trabalhos.

Você pode argumentar que um sujeito que mora em cidade Tiradentes e trabalha perto da Marginal Pinheiros não tem como pegar Uber, que pesaria no orçamento dele. É verdade. Mas até onde sei um serviço similar de vans e  microônibus poderia resolver isso, gerar renda para microempreendedores e baixar os preços. Poderia, mas não vai. Qual é a chance do poder público permitir isso?

Enquanto isso, as proibições do poder público jogam o transporte informal nas mãos do PCC. Parabéns a todos os envolvidos.

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Alexandre Reis é publicitário e microempreendedor.  Aprendeu na prática a desconfiar do Estado em todos os aspectos e acredita na vocação empreendedora do brasileiro e no potencial do indivíduo.

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