Em ano de eleição municipal, o assunto transporte público sempre volta. Em um país onde a regra é criar dificuldades para vender facilidades, movimentos como o MPL reivindicam transporte que, na cabeça deles, seria gratuito. O resultado vem na forma de ônibus lotados, canibalização de peças que fazem os veículos sofrerem panes e engarrafarem o trânsito, extinção de linhas e menor frequência, aumentando o tempo de espera no ponto de ônibus e prejudicando sempre os mais pobres.
No metrô, não é diferente. Nos trens da CPTM então, nem se fala. Quanto mais movimentos como o MPL agem, piores os serviços ficam, porque o monopólio privado definido pelo estado demanda subsídio. Essa é mais uma das muitas faces do capitalismo de compadrio típico do Brasil. Aqueles que atacam o “capitalismo selvagem” deveriam entender que o capitalismo não funciona direito quando o Estado tem a pretensão de ser seu indutor. Que esse papo de parceria público-privada, em bom português, significa “parceria entre politicos e empresários para cumprimento de agendas particulares”.
O assunto transporte público já foi amplamente debatido. Recentemente, o liberal convicto Joel Pinheiro nos brindou com excelente texto sobre o assunto na Ilustríssima, da Folha, mas quero relatar minha própria experiência com o UberX.
Eu usava 99Taxis e achava isso a oitava maravilha do mundo. De fato, o 99 é um app incrível, um copycat de serviços que já existiram fora do Brasil.
Sempre gostei de conversar com taxistas, e entrar num Táxi e mencionar a palavra “Haddad”, em qualquer contexto, é sempre divertido, pois isso desperta uma saraivada de críticas ao prefeito e me ajuda a entender a cidade sob a perspectiva de gente que não está exatamente curtindo o circuito de música indie do eixo Vila Madá-Baixo Augusta e fazendo política via smartphones, chamando o Haddad de “prefeitão”.
Um dia, porém, usei o Uber, mais especificamente o Uber X, mais barato. Com uso de dados atrelados a geolocalização em tempo real, o Uber cria variáveis de precificação instantânea. Se tem mais carros na região, o preço cai, se tem menos, o preço chove. Oferta e procura. Básico. Clássico. E ainda não preciso carregar dinheiro em espécie. Pago com meu cartão Nubank. Conhece o Nubank? É um cartão de crédito que funciona sem ter um grande banco por trás, uma fintech (startups do setor financeiro) brasileira que pratica as menores taxas e juros do mercado. Livre de anuidade. Uma dádiva do livre mercado.
Voltando ao Uber. Para ir com outra pessoa de minha equipe a uma reunião em um cliente, gastamos, ida e volta, 18 reais. Se fôssemos de ônibus ou Metrô (sem integração), pagaríamos 15,20, sendo que o tempo de trabalho perdido custaria bem mais que essa pequena diferença. Se estivéssemos em 3 já teria sido mais barato que o ônibus, por passageiro. Isso é uma mostra de como a liberdade econômica é capaz de trazer soluções para problemas reais.
Mesmo no universo Uber outros concorrentes começam a surgir e tendem a popularizar ainda mais o conceito de “carro preto”, com novas propostas, enriquecendo a concorrência e melhorando nossas vidas. Vem aí o Cabify, concorrente do Uber que é sucesso no México e na Espanha e tem como diferencial o fato de que o usuário sempre sabe exatamente quanto a corrida vai custar antes de embarcar. Aqueles que tem medo de um possível monopólio do Uber podem respirar aliviados.
E os taxistas? Eles agora precisam melhorar seus serviços, e principalmente, ao invés de protestar contra o Uber, deveriam protestar por menos taxas e burocracias em seus trabalhos.
Você pode argumentar que um sujeito que mora em cidade Tiradentes e trabalha perto da Marginal Pinheiros não tem como pegar Uber, que pesaria no orçamento dele. É verdade. Mas até onde sei um serviço similar de vans e microônibus poderia resolver isso, gerar renda para microempreendedores e baixar os preços. Poderia, mas não vai. Qual é a chance do poder público permitir isso?
Enquanto isso, as proibições do poder público jogam o transporte informal nas mãos do PCC. Parabéns a todos os envolvidos.
.Links:
Uma leitura liberal da proposta de tarifa zero no transporte
PCC usou vans em São Paulo para lavagem de dinheiro
Deputado petista preso em reunião do PCC fez campanha pra Haddad junto com secretário dos transportes
Textos incríveis de João Pereira Coutinho sobre uber X Taxi