“Free: Questão de bom senso”


maria fernanda

“Eu acho que finalmente encontrei o meu lugar, e sabem o que mais? É exatamente o mesmo do começo. A diferença é que desta vez eu é que escolhi”

Este final de semana assisti ao filme Formiguinha Z, com minha filha de 5 anos. Me lembro que a primeira vez que assisti esse filme eu tinha 16 anos, e foi indicação de uma Professora de História, socialista. Mal sabia ela que quem não havia entendido a verdadeira mensagem do filme era ela mesma, pois Z, personagem principal da trama e líder da “Revolução” por mero acaso, é um liberal de carteirinha.

A formiguinha Z é uma formiga operária, deprimida e cheia de questionamentos em relação ao status quo da sua colônia. Diante desse processo de questionamentos internos, Z acaba se apaixonando pela princesa da colônia, e é então que a saga da formiguinha operária começa. No intuito de conquistar o coração da princesa, ele troca de lugar um amigo “soldado” e sem saber acaba partindo para uma batalha contra os “cupins”, sendo o único sobrevivente por mero acaso.

Retornando à colônia como único sobrevivente da batalha, Z colhe os louros de seu não-feito, sendo aclamado como o herói da colônia, e indo finalmente reencontrar sua amada princesa. O problema é que a princesa o reconhece, e declara que Z não é um soldado de guerra, mas sim uma formiga operária, apesar dela achar isso o máximo e exaltar o feito como algo benéfico para a colônia e mostrar que todos temos escolhas e um poder central não pode determinar o caminho que cada um deve seguir.

No desenrolar do filme conseguimos visualizar claramente as “castas” dessa colônia: o Estado, o Exército e os Operários. Desde o nascimento já são determinadas as funções que cada “larvinha” executará antes mesmo de crescerem e decidirem o que é melhor ou não pra elas. O Estado juntamente com a força e a ordem impostas pelo Exército ignoram as escolhas individuais determinando as funções sociais de cada indivíduo. Mais interessante ainda é observar que não há questionamentos na colônia sobre esse processo, apenas Z, considerado pelos demais uma “aberração” e taxado pelo Exército como um desertor e uma ameaça à sobrevivência da colônia, consegue se libertar dessas regras e seguir em busca de seu sonho.

Há um discurso do General Mandíbula no qual ele instiga os operários da colônia a se colocarem contra Z proferindo promessas de “almoço grátis”, quando na verdade sua intenção era executar um plano para destruir a colônia, eliminando todos que ele julgava fracos, evidenciando que a guerra contra os cupins foi perdida propositalmente, pois somente os soldados considerados ineficientes foram mandados, e a sobrevivência de Z tinha sido uma surpresa desagradável.

No final das contas, Z acaba salvando a colônia, junto com a Princesa Bala, tornando-se um líder defensor das escolhas individuais e conseguindo estimular a colônia a trabalhar unida, independente da “casta” a qual pertençam.

Passados 16 anos da primeira vez que vi esse filme, nossa realidade hoje não é muito diferente: somos membros de um formigueiro e os Z’s estão por aí incomodando, resistindo e sendo perseguidos, ainda assim não desistem de sua luta, mostrando que para salvar a colônia é necessário sempre questionar o poder central e defender as liberdades individuais.

A busca pela felicidade é uma conquista pessoal, não imposta pela colônia. Como a turma dos anos 90 já sabia: “Cada um na sua. Mas com alguma coisa em comum”.

 

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Maria Fernanda Gomes é CEO da Network True Way, produtora de conteúdo audiovisual liberal-conservador.

 

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