Sincronizando Mentes


Assista ao vídeo, antes de ler o texto:

 

A sincronização é um fenômeno comum a sistemas físicos e biológicos. No vídeo é possível ver a sincronização de metronomos, que são relógios que medem o tempo de andamento musical e são utilizados para fins de estudo ou interpretação musical. Nesse caso, eles estão conectados entre si por uma base móvel e o vetor direcional faz com que eles se sincronizem um a um.

Cada metrônomo transmite uma pequena força para a plataforma, mas varia com a soma de todas estas forças. Por outro lado, a oscilação da plataforma também afeta todos os metrônomos, acelerando ou desacelerando a velocidade dos  pêndulos invertidos. Como resultado, todos os seus relógios de oscilação ficam sincronizados uns com os outros.

O mesmo ocorre com relógios de pêndulo em uma mesma parede. Nesse caso a energia é transferida de um pêndulo ao outro por estímulos sonoros, que ao longo do tempo contribui para que os pêndulos fiquem sincronizados.

Esse fenômeno não é um privilégio da física.

Solomon Asch, no início dos anos 50, realizou um experimento com voluntários, onde uma pessoa era colocada numa sala com vários atores. Nesse ambiente era mostrado um cartaz com linhas retas de vários tamanhos.

Era preciso apontar as linhas com o mesmo tamanho em voz alta, e sem o conhecimento dos voluntários, os atores repetiam incessantemente respostas erradas. Por conta desse comportamento, cerca de 30% dos indivíduos estudados escolhia a resposta visivelmente errada para não fazer uma escolha diferente do grupo.

Outro exemplo é o fato de algumas pessoas mudarem de atitude a depender dos  diferentes ambientes e estímulos recebidos, como o reforço de comportamentos agressivos em torcidas organizadas de futebol ou passivos e contemplativos em grupos religiosos.

A convivência duradoura em grupos humanos específicos também pode trazer mudanças biológicas. Devido aos feromônios femininos, por exemplo, mulheres que convivem por muito tempo juntas podem menstruar na mesma época. O fato é que esses processos são muito importantes para entender a formação e consolidação de grupos dentro da sociedade.

Em estruturas altamente centralizadas a tendência de supressão do indivíduo cria unanimidades muitas vezes deletérias a própria sobrevivência do grupo. Em contrapartida, quando o vetor de convergência entre os indivíduos é menor que suas diferenças, o grupo não tem força para ações coletivas.

Seja seu grupo a sua família, seu trabalho, sua congregação ou seus amigos, o importante é entender esses mecanismos e saber lidar com as divergências e convergências de maneira saudável e proativa.

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Paulo Lázaro de Moraes é médico formado pela PUC-Campinas, Doutor pela Universidade Federal de São Paulo. Dedica-se a estudos na área de oncologia / radioterapia e de saúde pública. Escreve às quintas para o 30 Diários.

 

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