Aprendendo a jogar


Luiz Aguilar Partido NOVO-SP

 

Sabemos que o sistema político do Brasil é o presidencialismo. Alguns o chamam de presidencialismo de coalizão, devido à grande dependência que o poder executivo tem do congresso nacional. Sem a anuência dos parlamentares, nosso pobre presidente fica de mãos atadas. Para ter sua base de apoio, o governo central tem que fazer coalizões, isto é, curvar-se a interesses diversos que transitam pelo congresso a fim de conseguir governar. A falácia está no fato de que o governo negocia em nome de seus próprios interesses, e para isto atende às demandas dos parlamentares. Nesta equação, ficam muitas vezes esquecidos os interesses da população, e a isto chamamos de democracia.

Os últimos anos tem sido traumáticos para nós brasileiros. Depois de eleições eivadas de muita emoção e pouca lisura, assistimos ao desmanche de uma teia de mentiras, tecida com o dinheiro do contribuinte. Abertas as urnas, fecharam-se os caminhos da ilusão. Onde ficou aquele país maravilhoso, cheio de empregos, vagas nas escolas e progresso, se não no imaginário coletivo de 54 milhões de votantes? Na sequência, as entranhas doentes do sistema político vieram à tona, com nossa presidente refém do congresso, paralisada por sua própria falta de habilidade com as palavras e com as artes políticas. Resultado disso foi um governo acuado por congressistas, fustigado por bloqueios das leis e de decretos que tentavam dar algum ar de normalidade ao dia a dia dos brasileiros. Governistas inconformados buscando de todas as formas anular os ditames de um congresso liderado por nefasta figura, acusando-o de impedir a governabilidade e vociferando ao vento. Batalhas em campos distantes da população, esta sim vivendo os horrores da resseção.

Agora tudo isto são águas passadas. Estamos na época das casas mal-assombradas em Brasília. Temos um palácio de governo onde vaga uma presidente fantasma, tal como a casa oficial do presidente do congresso, que assiste a agonia do seu triste ocupante. Poderíamos economizar alguns tostões agilizando seus respectivos despejos, mas afinal estamos no Brasil e todos os culpados devem ter preservados seus amplos direitos de defesa.

Vamos agora para as cenas dos próximos capítulos.

Enquanto torcemos pelo bem do Brasil e a volta a uma normalidade institucional, é hora de nos preparar para entrar no jogo político. Queremos ser uma oposição consciente e propositiva, que combate o tumor do fisiologismo e o reinado do baixíssimo clero nas casas do povo. Como participar do jogo sem abrir mão dos valores que pregamos e nos quais acreditamos? Como jogar o jogo com a regras atuais? São muitos os nossos desafios, por isso tenhamos sempre os olhos abertos e a alma munida dos nossos valores. Vamos aprender a jogar o jogo das artes políticas, entendendo desde já que nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar, como dizia Guilherme Arantes na voz da eterna Elis. Uma vez que o aprendizado começa em casa, cabe ao NOVO ser a nossa melhor escola de política limpa, de confiança mútua, e de reinvenção das regras do jogo democrático. Que seja nossa fonte de inspiração para levar o país a crer em nós como nós acreditamos nele.

Logo teremos novas eleições, nossas primeiras, desta vez para prefeitos e vereadores. Como bons principiantes, é natural sentir aquele frio na barriga, como os melhores atores antes de entrar em cena. Que isto não nos paralise. Não tenhamos medo do sucesso, nem de apostar em nossa capacidade de defender o que acreditamos. Este é o objetivo de todos nós. Vamos jogar para valer, entrar em cena prontos para atuar, e não apenas assistir da platéia.

Estamos no jogo para ganhar e para fazer do Brasil um país admirável. Tudo isto só será possível se acreditarmos no NOVO, e o NOVO acreditar em nós.

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Luiz V.V. Aguilar é engenheiro com MBA pela Fundação Dom Cabral, especialista em comércio internacional. Seus 15 anos como expatriado lhe conferem uma visão de economia e geopolítica a luz das liberdades individuais. É filiado NOVO de primeiro dia e membro do CONFIA-NOVO.

 

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