
Virginia Raggi (Cinque Stelle)
Por Tony Goes,
A eleição de Virginia Raggi para prefeita de Roma me fez pensar. O clima de saco cheio com a política tradicional não é exclusivo do Brasil. O mundo inteiro vive essa crise, e às vezes as saídas são mesquinhas como Donald Trump ou o Brexit. Mas também existem novidades, como os partidos Syriza (da Grécia), Ciudadanos e Podemos (da Espanha).
O Movimento Cinque Stelle da Itália também faz parte dessa onda, mas é difícil dizer se ele é de direita ou esquerda. O slogan “ora toca a noi” (em tradução livre, “agora é com a gente”) serve para qualquer lado. As cinco estrelas do nome sugerem progressismo: água pública, transporte sustentável, desenvolvimento sustentável, livre acesso à internet e ambientalismo.
Mas o partido não chegou a um acordo sobre o apoio à união estável entre pessoas do mesmo sexo, e acabou liberando seus deputados para votar como quisessem (e isto apesar de seu fundador, o comediante Beppe Grillo, ter se manifestado há muito tempo em prol do casamento gay).
Outras propostas são bem interessantes: todos os candidatos têm que ter ficha limpa, e ninguém pode se reeleger mais de uma vez. Isto mesmo: tem que abandonar a vida pública e voltar a fazer o que fazia antes, pois “política não é profissão”. Apoiadíssimo, mas será que dá certo? Raggi tem apenas 37 anos e cara de estrela de cinema, e promete livrar os romanos da corrupção. Tomara. E tomara que surjam novas legendas por aqui também, apesar do nosso excesso de partidos.
A Rede é bacana, a Raiz de Luiza Erundina promete ser, e o Partido Novo já tem uma militância aguerrida, apesar de nunca ter lançado candidato. Uma amiga minha insiste para eu me filiar, mas, além de ser um pouco à direita demais para o meu gosto, o Novo ainda não se definiu quanto ao aborto, às drogas e aos direitos igualitários. Enquanto não disserem sim para tudo isso, não passo nem na porta.